domingo, 15 de julho de 2012

JOGOS DE TIROS TEM CULPA ?

Na sexta-feira passada, ouvimos que a Activision e a Terminal Reality estavam trabalhando em um jogo de tiro em primeira pessoa baseado em The Walking Dead. E pouco tempo depois, a galera (colegas, pessoas que sigo no Twitter etc) já estava derrubando o mundo. ”Por que tudo tem que ser um jogo de tiro?”, ele diziam. “The Walking Dead não precisa disso!”.
Eu sou ao mesmo tempo otimista e do contra, então comecei a discordar.
Por que esse espírito anti-FPS e a ironia são sempre as primeiras reações? O que as pessoas têm contra jogos de tiro em primeira pessoa? Acho que o problema deve ser o fato de existirem muitos deles – mas e o fato de que muitos deles são muito bons? Portal 2 não conta como um FPS, então? Day Z, o fenômeno de sobrevivência no Apocalipse zumbi, também não conta? O multiplayer de Battlefield 3 não conta, e as milhões de pessoas que gostam de Modern Warfare 3 não sabem o que é bom de verdade?Muita gente reclama com medo de que algo que eles curtem seja arruinado ao se transformar em um jogo de tiro em primeira pessoa. Todos nós nos lembramos de como isso aconteceu com James Bond, certo? Em GoldenEye? Ah, não. Aquele jogo era bom. E Metroid, que era um side-scroller mas foi transformado em uma… trilogia incrível e bem sucedida de jogos de tiro em primeira pessoa? Star Wars? Tinha Republic Commando, dentre outros. O remake de Syndicate? Ele é um FPS surpreendentemente bom. Não era muito raiz, mas era bom. Você lembra como acabaram com X-Com ao transformá-lo em um FPS? Não? É claro que não, o jogo nem saiu (ainda).
Das séries que foram transformadas em shooters, a única que eu acredito ter sido um consenso negativo é Shadowrun. Estou esquecendo de mais alguma?
No ano passado, joguei partes do Zelda mais recente em primeira pessoa, e não vi problema algum. Eu gostei o suficiente de Mirror’s Edge – e confio o suficiente na Nintendo – que se você me dissesse que, algum dia, eu jogaria um Mario em primeira pessoa, eu não veria problema. Eu reconheço que as objeções das pessoas não são com relação à parte da primeira pessoa. Afinal, essa é a visão preferida nos games.
O problema é o impacto negativo que a parte de “tiro” poderia trazer. Os jogos de tiro em primeira pessoa podem reduzir a complexidade das interações que os personagens podem ter: a atirar, levar tiros e dar alguma facada. Não há nada muito emocional aí (mas deixe BioShock de lado).Os shooters em primeira pessoa permitem uma conexão mais íntima com os personagens de um jogo. Eles fazem com que você se sinta em um mundo virtual, em vez de estar manipulando uma marionete que vive em um. Eles permitem que você tenha uma visão menor do mundo, mas também que você o veja mais de perto. Muitas vezes eles obrigam você a atirar, atirar e atirar, mas nem sempre. Às vezes eles só querem que você possa olhar alguém no olho. Na pior das hipóteses, eles são tão bons e tão falhos quanto qualquer outro estilo de jogo.
Eu entendo que o anúncio de um novo game de tiro em primeira pessoa – ainda mais da Terminal Reality, que fez Kinect Star Wars – seja visto como uma decisão preguiçosa e manjada da equipe de marketing da Activision para unir uma licença famosa com um gênero que agrada às massas. Também entendo que a notícia de um Walking Dead FPS publicado pela Activision pareça uma afronta ao bem mais sutil, simpático e aclamado adventure de Walking Dead, da diminuta Telltale Games.
Mas, de verdade, o que há de tão ruim nos jogos de tiro em primeira pessoa? Quais séries e franquias que eles estragaram de verdade?
E se você escolher falar mal de FPS, não deixe as pessoas que estão fazendo The Unifinished Swan ouvirem. Eles estão ocupados fazendo um dos jogos mais interessantes do ano (um jogo que é um FPS).

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